Termos utilizados

AA (Alcoólicos Anônimos) – Entidade de mútua ajuda, voltada exclusivamente para o tratamento do uso nocivo de álcool (com ou sem dependência). Foi fundada em 1935 nos Estados Unidos. O tratamento é voluntário e feito em reuniões de grupo, que são formados e orientados por alcoólicos que desejam se recuperar. Não há um comando direto ou hierarquia nos grupos de Alcoólicos Anônimos. A linha mestra do programa de recuperação de AA é representada pelos ‘doze passos’ [ver apêndice no final do Glossário].


Abstinência (Síndrome de) – Quadro caracterizado por uma série de sinais e sintomas clínicos relacionados à ausência de uma droga de abuso. Isto é, quando o indivíduo deixa, por vontade própria ou involuntariamente, de utilizar a substância ou produto ao qual ele(a) está dependente, há o surgimento de sintomas característicos. Estes vão desde o nervosismo, suores frios e tremores, até dores abdominais, com cólicas acentuadas, (opiáceos) até crises convulsivas (álcool). Este período, entre a parada de uso e o aparecimento dos sintomas de abstinência, pode ser bastante variável, de acordo com a droga utilizada. Alguns pesquisadores acreditam que esta síndrome ocorre, em grande parte, devido à dependência psicológica (ver). Todavia, a opinião que ainda prevalece entre a maioria, é que a síndrome existe. Os opiáceos (Heroína, Morfina) são os maiores responsáveis pelos sintomas clássicos de abstinência, entre as drogas ilícitas. No abuso de álcool, o quadro de abstinência é muito característico. Dentre os sintomas de abstinência ao álcool destacamos o delirium tremens (ver).

Alcoolismo – Esta palavra, apesar de muito conhecida, tornou-se imprecisa na tentativa de se caracterizar uma doença. Seria referente a uma forma de beber patológica, acompanhada de uma série de outros prejuízos ao funcionamento social do indivíduo. Hoje, os manuais clínicos referem-se a uma síndrome de dependência ao álcool, ou ao uso abusivo de álcool, para melhor formalizar um diagnóstico.

Alucinação – É um sintoma subjetivo que leva o indivíduo a perceber e acreditar na presença de um objeto, sem que este realmente exista. Pode ser, além de visual, auditiva, tátil, olfativa ou gustativa. É um sintoma comum na intoxicação ou abstinência a algumas drogas (ex. álcool, anfetaminas, opiáceos). Nas drogas alucinógenas é um efeito comum.

Analgésicos – Analgesia significa tirar a dor. Uma substância analgésica produz, seletivamente, uma redução na sensação de dor física, produzida por algum processo patológico no organismo, ou por trauma. São analgésicos, a aspirina e os opiáceos. Alguns analgésicos podem provocar sedação, sem contudo levar à inconsciência (p. ex. os opiáceos).

Anestesia – Pode-se dizer que, grosso modo, é um estado em que há ausência de todas as sensações.

Ansiedade – A sensação caracterizada como ansiedade é um tipo de experiência vivenciada universalmente pela espécie humana. Ela representa uma antecipação de um ou mais eventos, em sua maioria, desagradáveis. A ansiedade deve ser diferenciada do pânico, pavor ou mesmo medo, pois é comum ficarmos ansiosos também em relação a alguns eventos agradáveis. Neste caso, é melhor pensar que a parte negativa, seria uma possível não ocorrência deste evento desejado.

Ansiolítico – O mesmo que calmante, ou seja, drogas utilizadas para controlar a ansiedade (ver tranqüilizantes).

Antietanol® (ver Dissulfiram) – Produto comercial utilizado no tratamento da síndrome de dependência ao álcool.

Antidepressivos – Um grupo de substâncias usadas no tratamento da depressão, hoje incluída na categoria dos distúrbios de afetividade. Agem através da modulação de alguns neurotransmissores. Seu efeito em geral não produz sedação e não provocam estimulação no indivíduo não-deprimido.

Antihistamínicos – São antagonistas da histamina, substância produzida pelo organismo em resposta a alguns processos inflamatórios e quadros alérgicos. Têm capacidade sedativa e podem ser usados como indutores de sono. Têm potencial como droga de abuso.

Antipiréticos – São substâncias capazes de controlar e/ou reduzir a febre. Sua utilização como droga de abuso é desprezível.

Antipsicóticos – Drogas utilizadas em Psiquiatria principalmente no tratamento das chamadas grandes psicoses, como a esquizofrenia. Atuam sobre a produção e a re-captação de neurotransmissores, principalmente a dopamina. Não são utilizadas normalmente como droga de abuso.

Biodisponibilidade – É a disponibilidade de moléculas de uma determinada droga no local de ação da substância no corpo. É um conceito importante na comparação de diferentes marcas de um mesmo produto genérico, porque uma mesma marca pode ter biodisponibilidade diferente dependendo da preparação.

Delirium tremens – Quadro agudo que acomete com freqüência os casos graves de síndrome de dependência ao álcool, caracterizando-se por tremores intensos e generalizados, com alucinações e convulsões. É um dos sintomas mais importantes da síndrome de abstinência ao álcool (ver).

Dependência – segundo os principais manuais de diagnóstico (DSM-IV e CID -X) os eventos que mais caracterizam um quadro de dependência química são: tolerância (ou perda desta) e síndrome de abstinência; uso de maiores quantidades e com maior freqüência do que o desejado; tentativas de interromper o uso sem sucesso, devido às recaídas; perda de tempo e esforços para o manter o consumo; preferência a atividades onde o uso da substância possa ser mantido; manutenção do uso mesmo ciente dos prejuízos sociais à saúde.

Depressão – Os sintomas clínicos da depressão variam desde a tristeza até a apatia profunda. Não confundir com a melancolia provocada por perdas, luto ou insatisfação. Esta pode ser transitória e, assim como a ansiedade, é experimentada por qualquer ser humano. Hoje se acredita que a depressão, classificada nos manuais de diagnóstico psiquiátrico como distúrbio do humor e da afetividade, está associada a fatores biológicos e genéticos. Na depressão, doença, o indivíduo começa a demonstrar um desinteresse geral, fadiga que progride para uma inapetência, perda do apetite sexual e da vontade de trabalhar e isolamento. O uso prolongado de drogas estimulantes do SNC, como a cocaína e as anfetaminas, faz surgirem sintomas semelhantes a uma depressão leve, quando estas drogas começam a perder seu efeito ao serem metabolizadas e eliminadas pelo organismo.

Desintoxicação – Termo inespecífico que, em geral, designa alguns tratamentos para uso abusivo de drogas com dependência, nos quais o indivíduo se interna em alguma instituição, por um período variável de tempo.

Dissulfiram – Substância que interfere como metabolismo normal do álcool no organismo, de forma a provocar sensações extremamente desagradáveis ao bebedor. É muito comum familiares utilizarem o dissulfiram, sem que o bebedor saiba, no sentido de tentar tratá-lo da dependência ao álcool. Existe sob forma de comprimido ou pó, sendo esta última apresentação a mais usada para colocação na comida do alcoolista para ‘tratamento.’

Droga – Palavra de origem controvertida, viria do holandês “droogen” (mercadoria seca), que era a forma com que se apresentavam as folhas medicinais, antepassadas dos modernos medicamentos ou seria uma adaptação do vocábulo persa “daru” (medicina) que teria migrado para o francês “drogue” e o italiano “droga”. Em inglês, a palavra “medicine” também significa medicamento. O termo hoje, em Português, designa principalmente as diversas substâncias ilícitas comercializadas.

Drogadição (ou drogadicção) – Termo traduzido do inglês “drugaddiction” que também carece de uma definição mais precisa. Seria o uso nocivo de drogas, principalmente quando há sinais e sintomas de dependência.

Droga de abuso – É qualquer substância ou produto utilizado pelo sujeito com o objetivo claro de obter deste um efeito psicoativo (ver) recreativo, sem qualquer indicação terapêutica ou orientação médica.

Dependência de Drogas – estágio no qual o uso da droga é necessário para que o indivíduo possa sentir-se bem, evitando assim os sintomas de abstinência. Toda a vida do sujeito gira em torno de como obter a droga, provocando a si enormes perdas sociais e afetivas, além dos danos à saúde. Nesta fase o(a) usuário(a) não consegue mais ocultar seu estado e a recuperação, sem um tratamento adequado, é mais difícil. Em geral existe algum tipo de dependência física e/ou psicológica.

Efedrina – Substância derivada de uma erva medicinal chinesa (ma huang) utilizada para o tratamento de broncoespasmo em doenças respiratórias como bronquite e asma. Tem efeito estimulante sobre o SNC e sua estrutura química deu origem às primeiras anfetaminas sintetizadas.

Endorfina – É um tipo de proteína que ocorre naturalmente no organismo e cuja atividade provoca efeitos semelhantes aos da morfina.

Farmacocinética – Estudo dos fatores que influenciam a absorção, distribuição, metabolismo e excreção das drogas no organismo.

Farmacodinâmica – Estudo das interações de uma substância e seus receptores no organismo, responsáveis pelos efeitos finais no corpo.

Hipnótico – Substância, produto ou medicamento capaz de provocar sonolência.

Ilusão – A psicopatologia caracteriza a ilusão como um sintoma no qual o indivíduo deforma a percepção do objeto presente. Ex. um fio de telefone que se transforma numa cobra, uma estátua que se move. Pode ser percebida pelo próprio indivíduo que é capaz de distingui-la da alucinação. Esta última, ao contrário, é experimentada pelo sujeito como uma experiência verdadeira.

N. A. (Narcóticos Anônimos) – Entidade de mútua ajuda voltada para o tratamento da dependência de drogas, exceto o álcool. Funciona nos mesmos moldes de Alcoólicos Anônimos (ver). Foi fundada em 1953 nos Estados Unidos e tem filiais em outras partes do mundo.

Neuroléptico  Termo genérico aplicado aos medicamentos antipsicóticos utilizados em Psiquiatria principalmente no tratamento da esquizofrenia.

Neurônio – É a célula básica, unidade anatômica e funcional do sistema nervoso central. Cerca de 90% dos neurônios são encontrados no cérebro.

Neurose  Um tipo de transtorno mental classificado atualmente como distúrbio de ansiedade.

Neurotransmissor  Substância química produzida pelo neurônio e liberada na sinapse, produzindo alteração elétrica em outro neurônio. Ex. Dopamina, Serotonina, Noradrenalina.

“Overdose” – Este termo originário da língua inglesa. Significa que houve uma ingestão de substância psicoativa, normalmente consumida pelo indivíduo, em quantidade acima do tolerável pelo seu organismo. É um dos eventos mais temidos pelos dependentes químicos pois pode levar ao óbito ou a sérios danos físicos.

Psicoativa – Diz-se que uma substância é psicoativa quando ela atua sobre o SNC, alterando o estado normal de vigília e senso-percepção do indivíduo. Em linhas gerais, as substâncias psicoativas podem ser divididas, a partir do seu efeito mais proeminente, em estimulantes, depressoras ou perturbadoras (alucinógenas, psicodislépticas) do SNC.

Psicoterapia – Tratamento em que são utilizadas várias abordagens que vão desde o aconselhamento, terapia comportamental até a psicanálise. Pode ser individual ou em grupo. Em geral é feita juntamente com tratamento farmacológico, principalmente nos pacientes com doença mental. Nos usuários de droga com dependência, sempre que possível, a psicoterapia pode ser desvinculada do tratamento com psicofármacos.

Psicotrópica – É quando uma substância ou produto, além do seu efeito psicoativo, tem o potencial de provocar dependência no usuário.

Síndrome amotivacional  É uma perda de motivação, principalmente entre adolescentes, atribuída ao uso crônico de maconha. É questionada por muitos autores, não tendo recebido ainda um reconhecimento amplo pela clínica em geral.

SNC – Sistema Nervoso Central

SP – Substância psicoativa. Leia mais sobre substância psicoativas

Tolerância – Processo no qual o indivíduo torna-se resistente ao efeito psicoativo provocado por determinadas substâncias. Desta forma ele(a) pode consumir quantidades maiores sem apresentar, inicialmente, os efeitos indesejáveis produzidos pela substância. A perda desta tolerância é um dos principais sinais de que o organismo do indivíduo já não consegue mais metabolizar a droga, tornando a “overdose”(ver) um perigo iminente. No alcoolista, a perda de tolerância determina embriaguez com pequenas doses de bebida alcóolica.

UDI  Uso de drogas pela via injetável. É um comportamento de alto risco para infecção pelo HIV, quando o usuário de drogas injeta a substância (droga de abuso) pela via endovenosa, intramuscular ou subcutânea. Tem sido muito estudado nas últimas duas décadas, não só devido à pandemia de Aids mas também pela disseminação dos vírus da hepatite B e C.

Uso abusivo: é um estágio intermediário entre o uso indevido e a dependência. Nesta fase os danos à saúde são pouco percebidos pelos que convivem com o(a) usuário(a). As perdas sociais e afetivas podem ser compensadas com períodos de abstinência e busca de tratamento. Ainda assim os riscos de surgirem problemas graves de saúde e envolvimento com o sistema penal são elevados. Normalmente encontra-se dependência psicológica. A OMS preconiza a classificação uso nocivo, por entender que a expressão uso abusivo tem conotação preconceituosa.

Uso indevido: é o uso de qualquer substância psicoativa legal ou ilegal com objetivo recreacional, ou mesmo terapêutico, quando há outras alternativas disponíveis, mais seguras; quando o uso de substância psicoativa legal coloca em risco a integridade física do(a) usuário(a) ou ainda se este uso está fora dos padrões culturais determinados pela sociedade ou grupo ao qual pertence o indivíduo.

Wernicke-Korsakoff, Síndrome de – deficiência mental grave e irreversível produzido pelo uso crônico de álcool.