O tabagismo passivo, também chamado de fumo passivo, é a inalação involuntária da fumaça proveniente da queima de derivados do tabaco, como cigarro, charuto, cachimbo, cigarrilhas e narguilé. Essa exposição ocorre quando indivíduos não fumantes convivem em ambientes com fumantes, respirando praticamente as mesmas substâncias tóxicas inaladas por eles.
Quando o cigarro é aceso, somente uma parte da fumaça produzida é inalada pelo fumante, e o restante gerado pela queima (cerca de 2/3) é disperso homogeneamente no ambiente, afetando também quem está em volta. Dessa forma, o fumante passivo pode estar exposto a dois tipos de fumaça: a fumaça principal, exalada pelo fumante, e fumaça secundária, que é liberada pela ponta acesa do cigarro. Essa fumaça secundária pode conter uma concentração ainda maior de substâncias tóxicas, incluindo até 50 vezes mais compostos cancerígenos do que a fumaça tragada.
Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), em 2019 a proporção de pessoas maiores de 18 anos expostas ao tabagismo passivo foi de 7,9% em casa e 8,4% no trabalho em ambientes fechados. Não existe um nível seguro de exposição ao fumo passivo e seus efeitos podem ser tanto imediatos quanto a longo prazo.
Os efeitos imediatos à exposição incluem irritação nos olhos, nariz e garganta, tosse, cefaléia, crises alérgicas e aumento da pressão arterial. A longo prazo, o fumante passivo possui risco elevado de desenvolver doenças pulmonares, cardiovasculares e cânceres como o de pulmão, laringe, esôfago, pâncreas, etc.
Para crianças e bebês o efeito é pior, considerando que as vias aéreas são menores e mais frágeis. A exposição ao fumo passivo gera maior risco de infecções respiratórias, otite média, crises de asma, pneumonia, bronquite, rinite e até síndrome da morte súbita infantil. Já para gestantes expostas ao tabagismo passivo o risco é o nascimento de bebê natimorto, com malformações congênitas ou com baixo peso ao nascer.
Tendo em vista os efeitos da fumaça de cigarro em indivíduos não fumantes, é necessário eliminar completamente o tabagismo em ambientes fechados, e até mesmo os abertos, visando reduzir essa exposição.
No Brasil, a Lei Antifumo (Lei nº 12.546/2011) proíbe o uso de produtos derivados do tabaco em ambientes fechados, públicos ou privados, de uso coletivo. Essa medida, além de reduzir a exposição involuntária, também contribui para a diminuição do tabagismo ativo, promovendo ambientes mais saudáveis.
Campanhas educativas e de conscientização buscam alertar tanto fumantes quanto não fumantes sobre os riscos do tabagismo passivo. A mensagem central é clara: a única forma eficaz de proteção é a eliminação total do fumo em ambientes compartilhados!
Os locais mais adequados para fumar são sempre ambientes abertos, amplos e bem ventilados, onde a dispersão da fumaça reduz o impacto sobre as pessoas ao redor. Não fume em locais fechados, como residências, carros, bares, restaurantes, ambientes de trabalho e áreas públicas internas, já que a fumaça permanece no ar e expõe não fumantes aos riscos do tabagismo passivo. Mesmo em áreas externas, mantenha distância de crianças, gestantes, idosos e pessoas com problemas respiratórios, que são ainda mais vulneráveis. Também evite fumar em locais abertos com muita circulação de pessoas, como embaixo de janelas, corredores e saída de restaurantes.
Do ponto de vista da saúde coletiva, se optar por continuar com o tabagismo, use-o de forma que reduza o impacto sobre as pessoas ao seu redor. O ideal é respeitar os espaços livres de tabaco definidos por lei e optar por fumar apenas em áreas adequadas para fumantes, quando disponíveis, garantindo assim a proteção e o bem-estar de todos.
Referências:
BRASIL. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Tabagismo Passivo. Ministério da Saúde, 20 de maio de 2022 (atualizado em 8 de abril de 2025). Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/causas-e-prevencao-do-cancer/tabagismo/tabagismo-passivo
PFIZER. Fumante passivo pode consumir até quatro cigarros por dia. Pfizer Brasil, 06 fev. 2020. Disponível em: https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/fumante-passivo-pode-consumir-ate-quatro-cigarros-por-dia
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Prevalência do tabagismo. Ministério da Saúde, publicado em 19 out. 2022; atualizado em 16 jun. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/observatorio-da-politica-nacional-de-controle-do-tabaco/dados-e-numeros-do-tabagismo/prevalencia-do-tabagismo
Brasil. Lei nº 9.294/1996: Dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos, derivados ou não do tabaco. Diário Oficial da União. 15 de julho de 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9294.htm